Um dos problemas que mais identifico dentro do consultório de psicoterapia, é a comunicação. No entanto, para a maioria das pessoas ela não vem como uma queixa, “ Eu tenho dificuldade em me comunicar ou me expressar”, percebemos ao decorrer das sessões que a falha na comunicação é um problema, que alimenta ansiedade, depressão e baixa performance no trabalho.
Para aprimorar a comunicação devemos focar na habilidade de ser assertivo. De acordo com Greenberger & Padesky (2017), “ A assertividade é com frequência descrita como um ponto intermediário entre ser agressivo e permitir passivamente que alguém se aproveite de você. Quando somos agressivos, atacamos a outra pessoa. Quando somos excessivamente passivos, permitimos que os outros nos ataquem”. É interessante encontrar um equilíbrio no qual nos defendemos sem atacar a outra pessoa.
O objetivo da assertividade é a comunicação clara. Mesmo que não exista garantia de que cada declaração assertiva levará ao resultado desejado, a comunicação assertiva consistente provavelmente, com o tempo, produzirá relações mais positivas. Assertividade também significa expressar desejos e necessidades de maneira simples.
Como exemplo, apresento três respostas a alguém que nos chama de “imbecil”.
Agressiva: “Se você acha que sou imbecil, você é um idiota!” (Gritando).
Assertiva: “Você pode achar que sou imbecil, mas vamos voltar ao problema real, que é XYZ.” (Calmo e firme).
Passiva: (Baixa a cabeça e não diz nada).
Quatro estratégias para ajudá-lo a planejar e praticar respostas assertivas:
1. Use afirmações do tipo “Eu”. Afirmações de raiva costumam começar com a palavra “você” e expressam acusação pelos problemas (p. ex., “Você sempre pensa primeiro em si”). Iniciar uma conversa dessa maneira coloca a outra pessoa na defensiva e, assim, diminui a possibilidade de que ela escute o que você tem a dizer. Respostas assertivas frequentemente começam com “Eu” e expressam suas reações, necessidades e desejos (p. ex., “Eu realmente gostaria que você ouvisse o que estou pensando e sentindo”). Expressar uma necessidade ou solicitação aumenta as chances de fazer a outra pessoa escutar sua mensagem, e, desse modo, provavelmente a conversa será produtiva.
2. Reconheça o que há de verdade nas queixas que alguém tem de você e, ao mesmo tempo, defenda seus direitos. Por exemplo, imagine que alguém pede para fazer alguma coisa e você diz não. A outra pessoa então diz: “Mas preciso muito que faça isto para mim, e me parece egoísta que você não ajude, já que pode”. Você pode responder: “Compreendo que você esteja desapontado, mas preciso dizer que não, porque realmente estou muito cansado agora. Isto não é ser egoísta; é apenas cuidar um pouco de mim”.
3. Faça declarações claras e simples sobre seus desejos e necessidades, em vez de esperar que outras pessoas leiam sua mente e prevejam o que você quer. É assertivo pedir ajuda diretamente, dizer aos outros o que precisa e ser claro acerca de suas expectativas. Você pode dizer a seu parceiro: “Meus pés estão doendo. Você poderia massageá-los?”. Ou um gerente poderia dizer: “Preciso que você termine este projeto hoje até as 15 horas. Por favor, avise-me se alguma coisa atrapalhar o cumprimento deste prazo”.
4. Foque no processo de assertividade em vez dos resultados. Ser assertivo não significa que você sempre vai conseguir o que pede.
Outras atitudes que criam barreiras na comunicação assertiva:
- Usar entonações e mímicas faciais agressivas e desdenhosas, sarcasmo e ironia.
- Interromper a fala do outro.
- Zombar das promessas de melhora do outro.
- Fazer generalizações como: “Você sempre comete os mesmos erros”.
- Ameaçar.
- Rotular o outro.
Buscar uma comunicação adequada reduz a frequência com que você é tratado injustamente ou se aproveitam de você, e assim pode prevenir situações que provocam raiva. Também dá a você maior sensação de controle em sua vida e melhora as suas relações.
Referências:
A mente vendo o humor – Greenberger & Padesky, 2017.
A equação do casamento – Luiz Hanns, 2020
ANA CAROLINA SCARANO – CRP: 145828.